domingo, 29 de março de 2015

Quando vier a primavera

E porque domingo é dia de poesia hoje deixo aqui um pouco de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa em "Poemas Inconjuntos"

"Quando vier a Primavera"

"Quando vier a Primavera, 

Se eu já estiver morto, 
As flores florirão da mesma maneira 
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. 
A realidade não precisa de mim. 

Sinto uma alegria enorme 

Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma 

Se soubesse que amanhã morria 

E a Primavera era depois de amanhã, 
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. 
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? 
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; 
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. 
Por isso, se morrer agora, morro contente, 
Porque tudo é real e tudo está certo. 

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. 

Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. 
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. 
O que for, quando for, é que será o que é."

2 comentários:

  1. Tambem morreria contente depois dessas palavras...adorei. :-)
    Que venham mais domingos poéticos como esse

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  2. Domingo será sempre de poesia! :)
    e de flores.... e de sol.... e de céu azul... ;)

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