sábado, 4 de julho de 2015

Salinas do Samouco

O sal que usamos na alimentação em quantidades adequadas, é muito importante para a nossa saúde pois faz parte de mecanismos fisiológicos de funcionamento do nosso corpo.

O sal faz parte da história da humanidade. Nos tempos romanos este ingrediente até foi utilizado como "moeda" ou seja, os trabalhadores eram pagos com sal pelo seu trabalho.

O sal também foi (e ainda é) bastante utilizado como conservante alimentar. Basta ver a técnica de salga do bacalhau e de alguns alimentos salgados como a carne e o peixe pirarucu na amazônia.

Devido à importância deste elemento na vida das pessoas, as salinas também eram muito importantes para as comunidades.



Estátua na vila de Alcochete
O mais comum é a obtenção de sal a partir da água do mar. Mas também existem minas de sal longes do mar. Na Bolívia existe o Salar de Uyuni, uma grande planície a 3656 metros acima do nível do mar que, de tão branca e tão nivelada, até serve como referência para calibrar os altímetros de satélites de observação da Terra.

Em Portugal também existem algumas salinas em funcionamento. No município de Rio Maior existe a única exploração de sal gema no país. Há também salinas perto ou junto ao mar como, por exemplo, no município de Aveiro; no estuário do rio Mondego no município de Figueira da Foz; no estuário do rio Tejo e também no Algarve, nos municípios de Olhão, Tavira e de Castro Marim.

Hoje vou falar das salinas do estuário do rio Tejo ou do que era chamado de "região do Salgado de Lisboa". Era assim chamada a região produtora de sal, as salinas, existentes no concelho de Alcochete, margem sul do rio Tejo.

Em setembro de 2014 tivemos a oportunidade de conhecer um projeto bem interessante e pertinho de Lisboa. As Salinas do Samouco.


Imagem obtida a partir de mapa existente na recepção das salinas
Samouco é uma freguesia do concelho de Alcochete, na margem sul do rio Tejo que está localizada no local onde termina a ponte Vasco da Gama. Quando atravessamos a ponte, o Samouco fica ali, aquela terra que está por baixo da ponte.

Num sábado de manhã, após a marcação realizada por email, fomos fazer uma visita guiada. O passeio pelas salinas começou com uma apresentação inicial da história do local e posteriormente foi feita uma caminhada até o local da extração do sal.


As salinas são muito antigas em Portugal. A extração de sal nesta região do estuário do Tejo em Lisboa terá começado, provavelmente ainda no período árabe em Portugal que foi até 1249. 
Essa região foi importante produtora de sal. Nos anos 1930 foi o principal produtor da região de Lisboa produzindo cerca de um terço de toda a produção de sal do país. A partir dos anos 1970 a produção entrou em declínio devido aos altos custos de produção.

Uma salina é composta por um sistema de tanques e canais por onde a água vai passando e evaporando até que, no tanque final está tão salgada/concentrada que acumula o sal. Em dias muitos quentes forma-se uma "nata" de sal nos últimos tanques, os com maior concentração. Esta é a flor de sal. Infelizmente havia chovido e já não havia flor de sal para fazermos a rapação do sal, feita com um rodo (lembra a estátua ali em cima?)




Atualmente, as salinas do Samouco são parte de um projeto de conservação que surgiu com a construção da Ponte Vasco da Gama, nos finais dos anos 1990. A ponte foi inaugurada na época da realização da Expo98, a Exposição Mundial dos País que foi de maio a setembro de 1998.

No local há a extração do sal e também de flor de sal que ficam armazenadas para depois serem comercializadas.


Nas margens de alguns tanques é possível observar as salicórnias, uma planta que acumula o sal e que pode ser usada também na alimentação.



Além das salinas, este local do estuário do rio Tejo é muito importante do ponto de vista ambiental visto que é um espaço de alimentação e nidificação de diversas aves migratórias. Também funciona no local um espaço para estudo das aves que por ali passam. Uma das aves que pode ser avistada neste local são os flamingos que, às vezes, sobrevoam a ponte enquanto passamos por ali.




Atualmente as salinas do Samouco podem ser visitadas diariamente e também podem ser marcadas visitas guiadas, normalmente aos finais de semana, o que é sempre melhor pois fica-se sabendo um pouco mais do projeto, do trabalho e da história do lugar. Se o tempo ajudar até é possível fazer a rapação de sal. O projeto conta também com uma pequena loja onde é vendido o sal e a flor de sal.

Gostaram de conhecer este cantinho? Nós gostamos! :)

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