No
dia 25 de abril de 1974 foi derrubado, através de um golpe militar, o Estado
Novo, um regime ditatorial em que viviam os portugueses desde 1933, ou seja, por
mais de 40 anos…
E o
começo da revolução foi feito com música… Sim, a senha usada pelos militares
para o começo da revolução foi uma música. Através de rádio os militares
informaram que era para dar início à revolução.
Às
22.50 do dia 24 tocou “E depois do adeus”
de Paulo de Carvalho.
“Quis
saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.
Tu viste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.”
Pouco
depois da meia-noite, informando que tudo estava correndo bem e que a revolução deveria seguir em frente, tocou “Grândola, vila morena” de Zeca Afonso.
“Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade””
E
o meu primeiro contato com o 25 de Abril (ou o que eu me lembro...) foi com “Tanto mar” de Chico Buarque, que teve a sua primeira versão censurada no Brasil de 1975 e a
segunda versão divulgada em 1978.
Tanto mar - Chico Buarque - 1975
"Sei que estás em festa, pá
fico
contente
e
enquanto estou ausente
guarda
um cravo para mim.
Eu
queria estar na festa, pá
com a
tua gente
e
colher pessoalmente
uma
flor do teu jardim.
Sei
que há léguas a nos separar
tanto
mar, tanto mar
sei
também quanto é preciso, pá
navegar,
navegar.
Lá faz
primavera, pá
cá
estou doente
manda
urgentemente
algum
cheirinho de alecrim."
Tanto mar - Chico Buarque - 1978
"Foi bonita a festa, pá
fiquei
contente
'inda
guardo renitente
um
velho cravo para mim.
Já
murcharam tua festa, pá
mas,
certamente
esqueceram
uma semente
nalgum
canto de jardim.
Sei
que há leguas a nos separar
tanto
mar, tanto mar
sei
também como é preciso, pá
navegar,
navegar.
Canta
a Primavera, pá
cá
estou carente
manda
novamente
algum cheirinho de alecrim"
Parabéns Portugal!
Parabéns portugueses que lutaram pelos
ideais de Abril.
Que a liberdade possa continuar a existir neste país.